O primeiro passo na direção da descoberta de uma proteína que sirva para diagnosticar a esquizofrenia foi dado por pesquisadores brasileiros. Eles acabam de identificar pelo menos sete compostos claramente associados à doença. Para chegar a esse seleto grupo, milhares de proteínas precisaram ser analisadas. Os cientistas afirmam que agora é necessário um minucioso trabalho de validação dos resultados.
A esquizofrenia é conhecida há mais de um século, mas, apesar disso, até hoje seu diagnóstico é feito apenas com base em observaçãos de sintomas pelos médicos. “Há muito tempo que se busca um componente químico que possa evidenciar a existência da esquizofrenia”, diz o bioquímico Daniel Martins-de-Souza, atualmente pesquisador do Instituto Max Planck, na Alemanha.
Martins-de-Souza investigou duas regiões cerebrais – o córtex pré-frontal e a área de Wernicke – de 10 esquizofrênicos e comparou o que viu com observações do cérebro de 10 pessoas sem nenhuma complicação mental ou neurológica.
Também foi avaliado o lobo temporal de cinco pacientes esquizofrênicos e cinco pessoas do chamado grupo controle (pessoas sem a doença). “O número de amostras parece pequeno, mas se deve considerar a dificuldade de se conseguir tecido cerebral dos pacientes e controles”, pondera o pesquisador.
Os resultados permitiram identificar 130 proteínas potencialmente ligadas à manifestação da esquizofrenia. “Algumas das novas proteínas reveladas foram a PEBP1, a cristalina, que é uma proteína associada ao ácido hialurônico, e um transportador de cálcio de membrana”, conta o bioquímico. Ele explica que essas proteínas estavam presentes em quantidades diferentes no cérebro dos esquizofrênicos analisados.
Validação dos resultados
A pesquisa foi conduzida durante o doutorado de Martins-de-Souza, no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), sob orientação do bioquímico Emmanuel Dias-Neto e do psiquiatra Wagner Gattaz, e no Departamento de Bioquímica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sob orientação do biólogo José C. Novello.
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