terça-feira, 24 de agosto de 2010

Depressão, análise bioquímica


As principais teorias relativas à base biológica da depressão situam-se nos estudos sobre neurotransmissores cerebrais e seus receptores sendo que a teoria relativa aos receptores hoje em dia seja a mais aceita devido à evidências que serão mostradas abaixo, embora outras áreas também estejam sob investigação. Á esquerda mostra-se um esquema da atuação de fármacos nos na inibição da recaptação neurotransmissores, no bloqueio de neurorecptores e etc.

Neurotransmissores cerebrais

As monoaminas constituem-se na principal hipótese envolvendo

os neurotransmissores cerebrais. Subdividem-se em

catecolaminas: dopamina (DA) e noradrenalina (NE), e na indolamina:

serotonina (5HT).

Aqui está uma explicação retirada( e modificada) de:

http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/view/7660/5463


“A hipótese das monoaminas baseia-se no conceito da

deficiência das aminas biogênicas, particularmente NE, 5HT e

DA, como a causa das depressões. A primeira hipótese aminérgica

de Schildraut (1965) e Bunney e Davis (1965) foi denominada

hipótese catecolaminérgica, pois propunha que a

depressão se associava a um déficit das catecolaminas, principalmente

a NE. Posteriormente surgiram a hipótese serotonérgica,

de Van Praag e Korf (1971), que teve grande impulso com

o desenvolvimento da classe de antidepressivos chamados Inibidores

Seletivos de Recaptação da Serotonina (ISRS) e a hipótese

dopaminérgica de Wilnner (1990), devido à implicação

da DA nos fenômenos de recompensa cerebral, estando envolvida

na fisiopatologia da anedonia, e de estudos demonstrando

que o uso continuado de antidepressivos tricíclicos (ADT) aumenta

a resposta comportamental à DA injetada no núcleo

acumbens, que age como interface entre o sistema motor e o

sistema límbico. Tal hipótese derivou inicialmente da compreensão

advinda do conhecimento sobre o mecanismo de ação

dos primeiros antidepressivos: tricíclicos e inibidores da monoaminoxidase

(IMAO) que aumentam as concentrações das monoaminas

nas fendas sinápticas cerebrais (Graeff e Brandão,

1993; Leonard, 1997; Stahl, 1998). A reforçar a hipótese das monoaminas, houve outras evidências:

a) drogas, como a reserpina, que depletam esses neurotransimissores são capazes de induzir a depressão;

b) precursores da 5HT: L-triptofano e 5-hidroxi-triptofano apresentam

efeito antidepressivo leve;

c) vários estudos relataram anormalidades

nos metabólitos das aminas biogênicas, como o ácido

5-hidroxindol acético (5HIAA), o ácido homovanílico (HVA) e 3-

metoxi-4-hidroxiphenilglicol (MHPG) no sangue, urina e líquor

de pacientes deprimidos;

d) a redução da concentração de 5HT

e seu principal metabólito 5HIAA ocorre no cérebro de vítimas

de suicídio, alcançado de maneira violenta, e no líquor de pacientes

deprimidos; e) a privação aguda de triptofano causa recidiva

em 80% dos pacientes deprimidos tratados com sucesso

com os antidepressivos da classe dos ISRS (Kaplan, Sadock e

Grebb, 1994; Graeff e Brandão, 1993)”.

Uma ressalva na hipótese das monoaminas e que causa dúvidas quanto a sua aceitação plena é de que os antidepressivos aumentam as taxas dos neurotransmissores imediatamente, mas o efeito antidepressivo só é observado algumas semanas depois, outras substâncias como a cocaína elevam o nível de monoaminas, mas não têm efeito antidepressivo.

Com o conhecimento atual sobre neurotransmissores e com relações simplistas as hipóteses da falta dos mesmos foi restringida, de acordo com as atuais hipóteses, às fendas sinápticas, que deslocaram os estudos de hipóteses dos neurotransmissores para os neuroreceptores.

O que levou os grupos na linha de pesquisa sobre os receptores foram alguns dados observados como:

a) a depleção de monoaminas provoca um aumento compensatório do

número de receptores pós-sinápticos (o que, em psicofarmacologia,

recebe a denominação de up-regulation

b) estudos post mortem, em cérebros de pacientes suicidas encontraram

um acréscimo no número de receptores 5HT2 no córtex frontal.

c) a ativação de alguns subtipos do mesmo receptor provoca

efeitos diversos e até mesmo opostos, como no caso dos receptores

5HT2 e 5HT1A

O último fato levou a postulação da hipótese de que a depressão é causada pelo desequelíbrio entre os receptores 5HT2 e 5HT1a sendo que há um excesso do primeiro e falta do segundo.

Tendo em vista a situação bioquímica da patologia agora observaremos o tratamento da doença por meio dos antidepressivos.

Em humanos, a 5-HT (serotonina) existe em três compartimentos principais: 1) neurônios, 2) células enterocromafins do trato gastrointestinal (nestes dois locais é sintetizada a partir do triptofano proveniente da dieta), 3) plaquetas, que não têm a capacidade de sintetizá-la, captando do plasma a 5-HT proveniente do intestino."

Os antidepressivos atuam diretamente no cérebro, modificando e corrigindo a transmissão neuro-química em áreas do sistema nervoso que regulam o estado do humor (o nível da vitalidade, energia, interesse, emoções e a variação entre alegria e tristeza), quando o humor está afetado negativamente num grau significativo.


Postado por: Pedro Marcos Coelho Moscardini



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