terça-feira, 24 de agosto de 2010

Artigo criticando os efeitos colaterais e tratamentos dos mesmos em relação aos antidepressivos

Assim como muitos psiquiatras, eu estava animado no final dos anos 80 quando as industrias farmacêuticas introduziram um novo tipo de medicamento antidepressivo chamados inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS). Essas drogas, entre as quais se incluem Prozac, Zoloft e Paxil, ofereciam tremendo alívio para os efeitos devastadores da depressão, porém com efeitos colaterais mínimos.

Infelizmente como muitas "drogas mágicas", os antidepressivos ISRS provaram ser uma coisa boa com defeitos. Para a maioria das pessoas deprimidas, essas medicações oferecem uma saída para a incapacitação e algumas vezes o desespero suicida. Mas o registro de efeitos colaterais não tem sido tão favorável. Para alguns pacientes, elas tem deixado barreiras no caminho da recuperação completa, na forma se efeitos colaterais sérios - onde se inclui letargia física e mental, perda do interesse e performance sexual e significante ganho de peso.

Esses efeitos colaterais destroem o frágil bem-estar e a auto-estima que muitos pacientes trabalharam duro para reconstruir. Confrontados com tais impedimentos fundamentais para sua saúde e felicidade, muitas pessoas que tomam anti-depressivos desencorajam-se e abandonam suas medicações - o que normalmente resulta em novos sintomas.

O mais triste é que muitos médicos subestimam, ou nem mesmo avaliam, as queixas de seus pacientes a respeito dos efeitos colaterais. "Você está muito melhor do que estava antes de iniciar o tratamento, " contam os pacientes como são encorajados a aceitar seu destino como o menor de dois males. "Toda medicação tem efeitos colaterais. Você tem que aprender a viver com eles, " aconselham.

Esta atitude comum dos médicos não somente carece de compaixão, é também má medicina. Ao assumir que os efeitos colaterais dos antidepressivos é algo que os pacientes devem aprender a conviver, os médicos estão tirando de seus pacientes a chance para a cura completa.Se o sintoma primário de depressão é a inabilidade de divertir-se na vida, então descobrir o prazer em relacionamentos e no trabalho é a principal meta de recuperação. Quem entre nós pode esperar ser desejável a outros se nos sentimos indesejáveis? Como podemos esperar gozarmos completamente os prazeres da intimidade sem um saudável impulso sexual, função sexual completa ou uma imagem física positiva? Quem pode esperar competir na corrida da vida e do trabalho com vitalidade reduzida e pouca agilidade mental?

Por anos, Eu tratei pacientes com depressão, seja com psicoterapia e/ou drogas, apenas para ver seu progresso desviado por um novo conjunto de obstáculos. Eles ganharam peso - algumas vezes tanto que eles se resignaram a viverem como marginalizados na sociedade. Seu impulso sexual os abandonaram - relacionamentos amorosos e casamentos afundaram em meio a apatia e disfunção. Mais criticamente, eles perderam a energia para continurem com seus trabalhos e se engajarem nos desafios diários da vida. Repetidamente os pacientes me dizem que embora sua depressão esteja controlada, eles não conseguem aproveitar a vida de forma completa.

Comecei trabalhando duro com pacientes individuais, buscando por um regime que oferecesse ajuda. Nós examinamos a dieta, níveis de estresse, exercícios e hormônios. Hoje, mais de 300 de meus pacientes - cerca de 80% daqueles que tentaram o programa que desenvolvemos - acharam alívio para sua depressão e para os efeitos colaterais de suas medicações.

Mais de 25 milhões de americanos estão hoje sob medicação anti-depressiva para tratamento tanto da depressão como de uma gama de desordens não depressivas, incluindo: ansiedade e desordens de pânico e obsessiva/compulsiva, dor crônica, cólon irritável, enxaquecas e fadiga crônica.

Ainda que dependendo de uma análise e do relato dos efeitos colaterais, entre 30 e 80% dos pacientes sob medicação sofrem severos efeitos colaterais que os impedem de exercerem suas habilidades em seus trabalhos ou relacionamentos.

(Quanto aos chamados medicamentos "naturais" : muito tem sido escrito sobre a Erva de São João. E de fato, este fitoterápico ajuda muitas pessoas a lidarem com depressões de leves a moderadas. Mas ela não funciona para a maioria das pessoas com depressão mais severa. Também, a erva de São João ocasiona preocupantes efeitos colaterais por si própria - e, diferentemente dos ISRS - não tem nenhum efeito sobre as desordens não depressivas citadas acima.

O pano de fundo dos efeitos colaterais é complexo e não completamento entendido, mas uma coisa é clara: Os anti-depressivos são agentes potentes que podem causar enormes alterações na neuroquímica e sistemas hormonais do corpo. Quando um dos sistemas metabólicos do organismo fica fora de equilíbrio, ele tende a ocasionar o desequilíbrio em outros também - o que é, em parte, o por que de tantas pessoas sofrerem de múltiplos efeitos colaterais. Quando este desequilíbrio ocorre, o corpo luta para compensar e reajustar seu balanço natural e saúde. Esse impulso inato em direção ao equilíbrio é seu dom natural oculto.

Eu acredito que ninguém deve se conformar com meia vida simplesmente porque estão sob tratamento anti-depressivo. Todo mundo que está se recuperando da depressão deve aspirar pela felicidade e satisfação que vem com a vitalidade, uma imagem pessoal positiva, uma vida sexual saudável e a mais alta qualidade de relacionamentos que se pode desejar. A final de contas, não é suficiente apenas sobreviver a depressão.

Voce pode ter sucesso.

Robert J. Hedaya é professor de psiquiatria na Universidade de Georgetown. Este artigo é adaptado do "The Antidepressant Survival Program: How to Beat the Side Effects and Enhance the Benefits of Your Medication"

fonte: http://www.farmaco.ufsc.br/farmaco/antidepre_efeito_colateral.html

Postado por: Pedro Moscardini

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